terça-feira, 22 de junho de 2010

O olhar do estilista sobre o artista - Weider Silveiro e sua inspiração em Michael Jackson


Weider Silveiro


Conheci Weider Silveiro quando ambos ainda éramos estudantes do curso de estilismo e moda láaaaa na Universidade Federal do Ceará – nem me lembro mais em que ano foi – eu havia ingressado alguns semestres antes, numa turma formada em grande parte por virgens pudicas e por uns outros que entraram quase sem querer e na qual me revelaria figura rebelde (algumas vezes sem causa, confesso).

O curso foi ficando conhecido e logo esse perfil mudou – pessoas cada vez mais interessadas e interessantes procuravam estudar moda. Weider foi uma dessas pessoas que tive a felicidade de conhecer na época e que anos depois veio a se tornar um talentoso estilista e um queridíssimo amigo.


Depois de uma trajetória bem sucedida em importantes empresas locais veio para São Paulo a convite de Walter Rodrigues, onde desenvolveu duas lindas coleções – em paralelo estreava a marca que leva seu nome na importante Casa de Criadores, chamando logo a atenção do empresariado paulistano que desejou levar seu brilho, talento e competência para o concorridíssimo mercado de moda do Bom Retiro.

Das belas coleções que Weider criou, destacamos a do Inverno 2010, inspirada no rei do pop Michael Jackson. No mês em que se completa um ano da morte Michael, premiaremos um de nossos leitores com uma peça dessa coleção (a regata com estampa moonwalk, do look abaixo), oferecida tão gentilmente por seu criador, que responde ainda algumas perguntinhas.





De forma geral, como se dá seu processo criativo? Como você organiza suas idéias e inspirações?

W.S: O meu processo criativo é bem caótico, pois apesar de partir de um determinado tema para uma coleção, costumo agregar novas percepções e sensações capturadas durante o concepção e realização do trabalho - já que tudo me inspira - chegando ao ponto de a inspiração como ponto de partida aparecer só como um leve perfume no resultado final do trabalho, o que o torna mais verdadeiro e mais plural e que é como todos nós somos.


Não me enquadro em nenhum estilo ou escola específica , odeio limites , às vezes amo algo hoje e não compreendo amanhã, também não entendo a necessidade de rótulos tão comum no mundo da moda, digo, essa busca por definir o que cada um faz, essa divisão por estilo , forma de fazer etc... acho isso muito anos 90.

Qual a influência de Michael para você? Como surgiu a idéia para essa coleção?

W.S: Michael sempre esteve presente na minha vida. Desde a infância passando pela adolescência até hoje, ele foi o único artista unanimidade em qualquer casa, pois era adorado pelo pai , pela mãe, pelos filhos. Ele estava acima de qualquer conceito: feminino ou masculino, brega ou chique, adulto ou criança, black or white.


Ele ousou e mudou o sentido de alguns ícones da indumentária contemporânea, fez o militar conversar com o brilho disco, a alfaiataria flertar com o punk e as referências futuristas de uma forma que só ele com o seu poder de encanto e sedução conseguiria. Michael promoveu uma junção entre música , dança e imagem nunca antes experimentada e eu sempre quis criar algo inspirado nele , contudo a idéia inicial era fazer a coleção com ele ainda vivo e que isso chegasse aos seus ouvidos (sim queridos, essa era a pretensão!) , mas como todos sabem não consegui pois, sem dramas aquí ,eu terminei de desenhar a coleção no dia da sua morte.

Weider, ser estilista é: Ter que criar e trabalhar tanto ou mais que um artista e nunca ter o reconhecimento de um.

Para ganhar a regata, escreva para ilana@4stagioni.com.br respondendo: “O que você acha mais fashion em Michael e por que?”. A resposta mais criativa, leva!


Postado por Ilana Azeneth

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