A importância do manejo sustentável
Em posts anteriores discutimos bastante dois conceitos que vêm ganhando cada vez mais espaço nos círculos acadêmicos e empresariais, a Economia Criativa e Sustentabilidade.
Hoje, vamos contar uma história que poderia ter seguido um caminho totalmente contrário, se não fosse a união de diversos atores sociais na busca pela difusão da identidade regional de uma comunidade artesã, gerando renda e desenvolvimento social através do manejo ambiental.
Ana Carla Fonseca, uma das autoras mais representativas no Brasil quando se trata de Economia Criativa, descreve o conceito da criatividade como uma produção que valoriza três pilares fundamentais: singularidade, o simbólico e o intangível. É exatamente isso que vamos demonstrar com o case a seguir. Vamos lá:
Localizado, no Cerrado brasileiro, o Jalapão é um dos ambientes mais belos e exóticos do Brasil, mantendo até hoje suas características naturais. Fica localizado, mais precisamente, no leste do estado do Tocantins e inserida numa unidade de conservação de proteção integral - O Parque Estadual do Jalapão.
A partir de 2000, o turismo na região cresceu vertiginosamente e as belezas naturais da região chegaram ao conhecimento do grande público. Em consequência do aumento do número de turistas, o mercado de produtos artesanais também ganhou mais espaço, em especial, um dos produtos tradicionais da região, provenientes de uma planta cujas as hastes depois de secas brilham como fios de ouro: O Capim Dourado (Syngonanthus nitens).
O interesse pela produção de utensílios e acessórios de capim dourado cresceu, juntamente com a produção feita pela população nativa do local, trazendo renda e desenvolvimento social para as comunidades do Jalapão, mas também tornou-se motivo de grande preocupação.
A própria comunidade passou a apontar os riscos da extração excessiva da planta e a através da busca por maiores informações com instituições do governo, dos círculos acadêmicos e organizações da sociedade civil criou um cenário de sustentabilidade para o negócio tendo na responsabilidade socioambiental, seu maior valor agregado.
A união de esforços das mais diversas esferas da sociedade iniciou estudos e pesquisas para encontrar formas de assegurar o manejo sustentável da espécie. Fizeram parte do empreendimento: Ibama, Instituto Natureza do Tocantins, Unb, Embrapa, as ONGs Pequi-Pesquisa e Conservação do Cerrado e Associação Capim Dourado do Povoado de Mambuca.
A comunidade adquiriu o conhecimento sobre as formas de manejo da planta, a biologia das espécies e o impacto do extrativismo no ecosistema da região. Entendeu-se assim, que a produção do capim dourado poderia ser uma fonte bem sucedida para a comunidade, desde que se respeitasse algumas regras para a extração, garantindo a longevidade da espécie.
Outras espécies similares, matérias primas para o comércio de artesanato na Bahia e em Minas Gerais, já estão em vias de extinção pela falta das práticas de manejo sustentável.
A busca pelo conhecimento, aperfeiçoamento e garantia de sustentabilidade da sua fonte de renda, sempre com olhar voltado para o social, ambiental e econômico, uma fórmula de sucesso para novos mercados e para o meio ambiente.
Hoje, a busca da comunidade do Jalapão é o crescimento de seu negócio e a garantia do sucesso de seus produtos no mercado, levando sempre em consideração a bandeira de sua identidade regional e ambiental como valor agregado. Nesse caminho, contam com o auxílio das ONGs da região em conjunto o Fundo Global para o Meio Ambiente da ONU.
Gostou da história?
O Case do Capim Dourado Jalapão foi retirado de um livro que deveria fazer parte da sua biblioteca, independente do seu segmento ou atividade:
ALMEIDA, Fernando; Os desafios da sustentabilidade: Uma Ruptura Urgente - Rio de Janeiro: Elesevier, 2007.
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