quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Estamparia e a Moda. ENTREVISTA



O designer Alexandre Gijon, que hoje faz as estampas da marca Rosa Chá , em momento de trabalho.


O mercado da moda é um campo rico em talentos, criatividade, visão empreendedora e possibilidades de crescimento para a economia do Brasil.

Todos os anos surgem novos cursos e universidades investindo na educação e formação de profissionais para os mais variados segmentos da moda. O Brasil é um dos países com maior número de cursos de graduação de moda no mundo e a indústria de moda corresponde ao segmento do setor privado que mais emprega no país.

Para quem almeja tornar-se profissional de moda, não é um caminho fácil, requer talento, foco, estudo e aperfeiçoamento contínuo e principalmente o entendimento de que muitas vezes é preciso ousar e empreender para alcançar o caminho do sucesso.

A seguir, os leitores poderão conferir a história de um jovem profissional, Alexandre Gijon, que vem traçando um caminho de sucesso profissional no mundo da moda, graças ao seu talento, foco e perseverança para enfrentar os muitos obstáculos que o cenário da indústria da moda oferece.

Esperamos poder inspirar outros jovens de talento e visão e desde já agradecemos ao Alexandre pela disponibilidade e pela riqueza de informações que nos concedeu com a entrevista que segue abaixo.



Estampa Summer 2011



4Stagioni: Como foi sua trajetória no mercado de estamparia até chegar à Rosa Chá?

Tudo começou quando eu era assistente do estilista Reinaldo Lourenço. Eu lembro que estávamos enfrentando problemas com a estamparia que trabalhamos naquela coleção, pois eles não conseguiam fazer o desenho da forma que o Reinaldo queria que ficasse. Então, ele perguntou se eu não conseguia fazer o desenho, ja que eu "mexia" em computador. Eu tentei, e ele amou. E realmente ficou muito bonito. Foram 4 estampas para o verão de 2006.

Depois de uma breve viagem à Berlim, comecei a trabalhar numa camisaria masculina como estilista. Vendo que a camisaria é uma peça mais baseada em tecido e caimento do que inovações drásticas em modelagem, decidi desenvolver tecidos exclusivos com meus fornecedores. Foi um sucesso de vendas e todas as camisarias da região começaram a copiar nossos tecidos.

Após vários empregos de estilista (sempre desenvolvendo algo relacionado à estampa, bordado, etc) fui trabalhar no Bom Retiro numa confecção de moda Teen onde também surgiu a necessidade de desenvolver estamparia exclusiva. Foi ai que a ficha caiu de como eu gostava de trabalhar com o desenho têxtil. Procurei cursos para me aperfeiçoar e fui ganhar experiência trabalhando numa das maiores estamparias digital do país. Após essa fase, abri o Studio Estampa, que teve aceitação imediata de grandes estilistas e tecelagens. Foi ai que veio o convite para trabalhar na Rosa Chá. Hoje concilio o trabalho de design têxtil que realizo na Rosa Chá, com a direção criativa do meu estúdio.



4Stagioni: Quais as maiores dificuldades para um designer de estampas inserir seu studio no mercado e quais oportunidades enxerga no segmento?

Existem duas grandes dificuldades para um estudio se firmar no mercado:

A insegurança da maior parte das confecções em investir em estampas exclusivas e direcionadas para as coleções e o preço competitivo de desenhos vindos de estúdios italianos.

Hoje paga-se muito pouco por um desenho que leva muitas horas para ser feito.

Mas, eu ainda acredito muito no dia em que o mercado irá perceber o diferencial dos desenhos feitos no Brasil, e que nosso trabalho será valorizado.

4Stagioni : Quais as estampas que estarão mais fortes no verão 2010/11 e poderia dar uma prévia do inverno 2011?

Para o verão, acredito muito em degradees, florais mais geométricos, etnicos
puxados para África, camuflagens tipo Avatar e florais bem tropicais com
folhagens. Para o inverno, minha aposta é nas estampas inspiradas nos Índios
Americanos e nas gravatarias.


4Stagioni : Que dica você daria para um novo profissional que deseja trabalhar com estampas para a moda no Brasil?

Criar um banco de referências, pesquisar muito e estudar. Buscar sempre a leveza ao montar um rapport. O Brasil não precisa de designers gráficos fazendo suas estampas, precisamos de desenhistas têxteis, com formação em moda, que interpretem o desenho entendendo que ele será estampado em tecido, e que esse tecido irá vestir um corpo. Falta esse conhecimento para 95% dos designers atuantes no Brasil. Entender que uma estampa corrida não deve ser pensada como uma impressão plana.


4Stagioni : Em quem você gostaria de ver uma estampa sua?

Acho que se a Lady Gaga usasse uma roupa com uma estampa minha, me garantiria pelo menos 1 milhão de dolares!





Estampa High Summer 2010/2011




Estampa Etnic Summer 2009/2010




Rosa Chá Verão 2010




Rosa Chá Inverno 2010

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